O Dia Nacional de Prevenção da Alergia, celebrado em maio, serve como um lembrete da importância de compreendermos as alergias e seu impacto na vida de milhões de pessoas.
Mais do que coceira e espirros, as alergias representam uma complexa batalha travada pelo nosso sistema imunológico, muitas vezes confundindo substâncias inofensivas com inimigos perigosos.
Os mecanismos das alergias
O que gera as alergias?
Imagine seu corpo como um reino fortificado. O sistema imunológico, seus fieis defensores, patrulham incansavelmente em busca de ameaças. Entre os invasores mais comuns estão vírus, bactérias e parasitas.
Mas, em alguns casos, o sistema imunológico se confunde e identifica substâncias ‘inofensivas’, como ácaros ou alimentos, como perigosos inimigos. Essa confusão desencadeia uma série de reações em cadeia, como se o reino estivesse sob ataque.
Essa resposta exagerada do sistema imunológico é a base das alergias. Ela se inicia com a sensibilização, quando o corpo entra em contato pela primeira vez com o alérgeno, como se estivesse treinando seus soldados para reconhecer o inimigo. Na segunda exposição, o sistema imunológico, ‘armado com suas armas’ lança um ataque feroz contra o “invasor”, mesmo que ele seja inofensivo.
Quais os principais sintomas das alergias?
Os sintomas das alergias variam de acordo com o tipo de alergia, o local de exposição ao alérgeno e a sensibilidade individual. As manifestações mais comuns incluem:
- Rinite: Espirros, coceira no nariz, congestão nasal e coriza.
- Conjuntivite: Olhos vermelhos, coceira, lacrimejamento e inchaço.
- Dermatite: Erupções cutâneas, coceira, vermelhidão e urticária.
- Asma: Dificuldade para respirar, chiado no peito, tosse e aperto no peito.
- Reações anafiláticas: Manifestação mais grave, podendo incluir queda de pressão arterial, inchaço da garganta, dificuldade para respirar e perda de consciência.
- Outros sintomas: Erupções cutâneas e coceira.
Quais os diferentes tipos de alergias?
As alergias podem ser classificadas em diferentes tipos, cada qual com suas características e mecanismos distintos:
Alergias respiratórias
No reino do corpo humano, as vias aéreas, como importantes corredores de passagem do ar, são um campo de batalha frequente para as alergias. Especialmente entre crianças e adolescentes, essas batalhas se intensificam, gerando espirros incessantes, congestão nasal e coriza, transformando o reino em um ambiente desconfortável.
Os principais inimigos por trás dessas batalhas são os alérgenos e irritantes, que podem estar presentes em diversos lugares: na fumaça e poluição do ar, nos fungos, mofo e ácaros que se escondem em cantos úmidos, no pólen que dança no vento, na poeira que paira no ar e até mesmo nos pelos de animais, perfumes e produtos de limpeza.
As mudanças de temperatura e umidade, típicas das estações mais frias, também contribuem para a intensificação dessas batalhas. O nariz, como um soldado que se defende, tende a ficar mais seco e a mucosa se irrita com mais facilidade, abrindo caminho para os alérgenos e seus ataques. É por isso que o inverno se torna um período crítico, com o aumento no número de doenças respiratórias.
Os sintomas dessas batalhas alérgicas podem ser facilmente reconhecidos: crises de espirros, congestão nasal, coriza aquosa e possível irritação na garganta e nos olhos, que ficam vermelhos e coçando. É importante que o reino procure ajuda de um médico sábio, pois muitos dos sinais se assemelham aos da gripe e dos resfriados, exigindo um diagnóstico preciso para combater o inimigo correto.
As alergias respiratórias não precisam ser uma guerra sem fim. Com conhecimento, medidas preventivas e o apoio de um médico, é possível manter o reino em paz e as vias aéreas livres para respirar com saúde e tranquilidade.
Alergias de pele
No reino da pele, a derme, uma camada rica em células e terminações nervosas, enfrenta diversas batalhas silenciosas contra inimigos invisíveis: as alergias cutâneas. Manifestadas como coceiras, irritações e erupções, essas alergias podem transformar o reino em um local desconfortável e desafiador.
Dermatite Atópica
A dermatite atópica, uma das alergias cutâneas mais comuns, é como uma ‘maldição’ hereditária que assola a derme. Seus inimigos são diversos: ácaros, pólen, mofo, animais, fragrâncias, produtos de pele e limpeza, tecidos, temperaturas extremas, infecções, estresse e até mesmo alguns alimentos.
Para combater essa maldição, é fundamental identificar e evitar os inimigos que a desencadeiam. Banhos muito quentes, que ressecam ainda mais a pele, devem ser evitados. A hidratação diária e o uso de produtos específicos para peles atópicas são essenciais para manter a derme protegida. Em casos de coceiras intensas, o médico pode prescrever medicamentos antialérgicos para aliviar o sofrimento.
Dermatite de Contato
A dermatite de contato, outra inimiga da derme, se divide em duas frentes: irritativa e alérgica. A irritativa é como um ataque repentino, que surge na primeira exposição a substâncias químicas como sabonetes, detergentes e solventes. Fissuras surgem na pele no local do contato, causando queimação, dor e coceira.
Já a alérgica é mais traiçoeira, pois seus sintomas surgem após várias exposições ao inimigo. As erupções são mais intensas e podem se espalhar por outras partes do corpo. Cosméticos, produtos químicos, bijuterias, relógios e até mesmo plantas podem ser os vilões por trás dessa batalha.
O combate à dermatite de contato depende da gravidade do quadro e deve ser guiado por um médico. A higienização e hidratação da pele são essenciais para a recuperação, assim como evitar o contato com os alérgenos.
Urticária
A urticária é uma batalha relâmpago que se manifesta como lesões avermelhadas e inchadas na pele, acompanhadas de coceira intensa. Seus inimigos podem ser diversos: alimentos, calor, frio, medicamentos e outros estímulos. Os sintomas geralmente desaparecem em menos de seis semanas, mas em casos crônicos podem persistir por mais tempo.
Em casos mais graves, a urticária pode causar inchaço intenso até mesmo na garganta, conhecido como angioedema. Essa condição pode levar à dificuldade de respirar, o que exige atenção médica imediata.
Alergia Alimentar
No reino da alimentação, onde os alimentos são os reis e rainhas, algumas reações imunológicas inesperadas podem surgir, como soldados rebeldes que se levantam contra proteínas específicas. Essas reações são conhecidas como alergias alimentares, e seus inimigos mais frequentes são a soja, o trigo, o ovo, o amendoim, os peixes, os mariscos e a lactose, que, na verdade, é uma intolerância.
Diferente de outras alergias, onde os inimigos se revelam antes da batalha, as alergias alimentares só podem ser descobertas após a ingestão do alimento em questão, como em uma emboscada inesperada. Elas podem surgir desde a infância, e em alguns casos até desaparecer com o passar dos anos, ou se manifestar apenas na fase adulta.
O tratamento mais eficaz para essa batalha interna é a retirada do alimento inimigo da dieta, como um exílio forçado. Entre as manifestações mais frequentes dessa guerra no reino da alimentação, podemos citar manchas vermelhas que coçam, náuseas, vômitos e diarreia. Em alguns casos, a dermatite atópica, que causa irritação na pele, inchaços e a síndrome oral alérgica, que afeta a garganta, também podem surgir, tornando a batalha ainda mais complexa.
Dicas para vencer a batalha das alergias alimentares:
- Consulte um médico: Um alergista ou gastroenterologista poderá realizar testes para identificar os alimentos que desencadeiam as reações alérgicas.
- Leia os rótulos dos alimentos: Preste atenção à composição dos alimentos e evite aqueles que contêm os alérgenos identificados.
- Tenha cuidado ao comer fora de casa: Informe sobre suas alergias alimentares aos restaurantes e peça para que tomem cuidado com a contaminação cruzada.
- Eduque as pessoas ao seu redor: Informe seus familiares, amigos e colegas de trabalho sobre suas alergias alimentares para que possam te ajudar em caso de necessidade.
Confira o artigo ‘Alergias alimentares ganham um novo capítulo‘ da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
Alergias medicamentosas
No reino da medicina, onde os medicamentos são os heróis que combatem doenças, um inimigo inesperado pode surgir: as alergias a medicamentos. Nem todos os heróis são perfeitos, e alguns podem causar reações adversas, como alergias, que podem variar de leves e controláveis até graves. Essa é uma das razões pelas quais a automedicação é tão perigosa, pois pode desencadear batalhas inesperadas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, existe uma doença específica chamada Farmacodermia, que é como uma maldição causada pelo uso excessivo de medicamentos, efeitos colaterais ou reações alérgicas. Essa maldição se manifesta na pele, nas mucosas, nos cabelos e nas unhas, transformando o reino em um campo de batalha incômodo e desconfortável.
Dicas para vencer as Alergias Medicamentosas:
- Consulte um médico: Antes de usar qualquer medicamento, consulte um médico para avaliar se há risco de alergia e para receber as orientações adequadas.
- Informe suas alergias: Ao consultar um médico ou dentista, informe sobre todas as suas alergias a medicamentos, incluindo reações adversas que já tenha apresentado.
- Leia a bula do medicamento: Antes de tomar qualquer medicamento, leia atentamente a bula para se informar sobre os possíveis efeitos colaterais e reações alérgicas.
- Fique atento aos sinais de alergia: Se você apresentar qualquer sinal de alergia após tomar um medicamento, procure atendimento médico imediato.
Saiba como o uso irracional de medicamentos pode gerar alergia medicamentosa.
Alergias oculares
Os olhos são campos de batalha frequentes para as alergias, travadas contra inimigos invisíveis: os alérgenos comuns. Entre essas batalhas, se destaca a Conjuntivite Alérgica.
Vale reforçar que essa batalha não é contagiosa, mas se intensifica nas estações quentes, quando os inimigos ácaros e pólen se multiplicam.
Dicas para vencer a conjuntivite alérgica:
- Identifique seus inimigos: Consulte um oftalmologista para identificar os alérgenos que desencadeiam a batalha.
- Evite seus inimigos: Evite o contato com os alérgenos identificados, utilizando óculos escuros em ambientes abertos e lavando as mãos com frequência.
- Mantenha seus olhos limpos: Utilize compressas frias para reduzir a coceira e o inchaço, e lave os olhos com água morna ou solução fisiológica.
- Use colírios lubrificantes: Colírios lubrificantes podem ajudar a aliviar a irritação e o ressecamento dos olhos.
- Consulte um oftalmologista: Em casos mais graves, o oftalmologista poderá prescrever colírios anti-histamínicos ou corticosteroides para controlar a inflamação.
Desvendando os alérgenos
Como vimos, os alérgenos são os inimigos por trás das alergias, e podem estar presentes em diversos ambientes e objetos do nosso dia a dia, como:
- Pólen: Grãos minúsculos liberados por plantas, especialmente no outono e primavera.
- Ácaros: Pequenos animais microscópicos que vivem em poeira, colchões, travesseiros e tapetes.
- Pelos de animais: Cães, gatos e outros animais peludos podem provocar alergias em pessoas sensíveis.
- Mofo: Fungos que crescem em locais úmidos e escuros, como banheiros e porões.
- Alimentos: Leite, ovos, trigo, soja, amendoim e frutos do mar são alguns dos alimentos que comumente causam alergias.
- Medicamentos: Penicilina, aspirina e outros medicamentos podem desencadear reações alérgicas em algumas pessoas.
- Picadas de insetos: Abelhas
Fatores que agravam as alergias no frio
Além da presença de alérgenos específicos, alguns fatores contribuem para o aumento das alergias no outono e inverno:
- Ar seco: o ar seco, comum em climas frios, irrita as vias respiratórias e facilita a entrada de alérgenos.
- Ambientes fechados: Com o frio, tendemos a passar mais tempo em casa, aumentando o contato com ácaros e mofo.
- Mudanças de rotina: Alterações na rotina de exercícios e sono podem enfraquecer o sistema imunológico, tornando-o mais suscetível a alergias.
Vivendo com alergias: estratégias para aliviar os sintomas
Apesar de não haver cura definitiva para a maioria das alergias, felizmente existem diversas estratégias para controlá-las e melhorar a qualidade de vida. Confira algumas dicas:
1. Testes alérgicos oferecem respostas
O primeiro passo para o controle das alergias é identificar o alérgeno causador dos sintomas. Um médico alergista pode solicitar testes cutâneos ou exames de sangue para auxiliar no diagnóstico. Conhecendo o inimigo, é possível elaborar um plano de batalha.
2. Fuja dos alérgenos sempre que possível
Sempre que possível, evite o contato com os alérgenos identificados. Por exemplo, pessoas alérgicas a ácaros devem investir em capas protetoras para colchões e travesseiros, além de realizar limpezas frequentes com aspirador de pó.
3. Anti-histamínicos
Os anti-histamínicos são medicamentos que bloqueiam a ação da histamina, um dos principais mediadores químicos liberados durante as reações alérgicas. Eles ajudam a aliviar sintomas como coriza, espirros, coceira no nariz e olhos lacrimejantes.
4. Corticosteroides
Corticosteroides nasais ou inalatórios podem ser utilizados para reduzir a inflamação causada pelas alergias. Eles são particularmente eficazes no tratamento de rinite alérgica e asma.
5. Imunoterapia
A imunoterapia, também conhecida como dessensibilização, é um tratamento de longo prazo que visa dessensibilizar o sistema imunológico ao alérgeno. Pequenas doses do alérgeno são administradas gradualmente ao longo do tempo, treinando o corpo para reconhecer a substância como inofensiva.
Conclusão:
As alergias, embora representem uma confusão do sistema imunológico, não precisam ser uma sentença de guerra constante. Através da identificação dos alérgenos e adoção de medidas preventivas é possível controlar as alergias e viver uma vida plena e saudável.
Lembre-se, o Dia Nacional de Prevenção da Alergia serve como um lembrete para buscarmos conhecimento e adotarmos estratégias para conviver pacificamente com essas reações do nosso sistema imunológico.
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