A hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta, se configura como um dos maiores desafios de saúde pública global, afetando milhões de pessoas e se posicionando como um dos principais fatores de risco para diversas doenças graves.
Compreendendo a medição da pressão arterial
Quando a pressão arterial é aferida, dois valores são registrados. O valor mais alto reflete a maior pressão nas artérias, que é alcançada quando o coração se contrai (chamado sístole). O valor mais baixo reflete a menor pressão nas artérias, que é atingida pouco antes de o coração começar a se contrair novamente (chamado diástole).
A pressão arterial é registrada como pressão sistólica/pressão diastólica — por exemplo, 120/80 mmHg (milímetros de mercúrio). Esse resultado é lido como “120 por 80”.
O corpo possui mecanismos fisiológicos para controlar a pressão arterial. Esses mecanismos atuam para:
- Alterar a quantidade de sangue que o coração bombeia.
- Regular o diâmetro das artérias.
- Controlar o volume de sangue na corrente sanguínea.
Como acontece a hipertensão arterial?
Imagine o seu corpo como um intrincado sistema de transporte, onde o sangue, vital para a vida, circula pelas artérias como um rio caudaloso. A hipertensão surge quando a força desse rio, representada pela pressão arterial, se eleva de forma persistente acima dos níveis considerados saudáveis, sobrecarregando as paredes dos vasos sanguíneos e elevando o risco de rupturas e obstruções.
Quando a pressão é considerada alta?
É considerado pressão alta, uma pressão igual ou maior que 140/90mmHg, ou 14 por 9.
Como é a classificação da pressão arterial?
Fonte imagem: SBC
Quais são os tipos de Hipertensão?
A hipertensão arterial pode ser classificada em dois tipos principais:
- Hipertensão Primária: É o tipo mais comum de pressão alta. A causa exata da hipertensão primária não é totalmente conhecida, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
- Hipertensão Secundária: É causada por uma doença subjacente identificável. Vários fatores podem contribuir para a hipertensão secundária, tais como doenças renais, distúrbios hormonais, uso de certos medicamentos e apneia do sono.
Quais os principais sintomas da hipertensão arterial?
Um dos aspectos mais desafiadores da hipertensão reside na sua natureza silenciosa. Em muitos casos, a doença não apresenta sintomas perceptíveis, não causando dor ou incômodo.
Embora na maioria das vezes assintomática, em alguns casos, a hipertensão pode apresentar alguns sinais que alertam para a necessidade de investigação, como:
- Dores de cabeça frequentes e intensas
- Tonturas e vertigens
- Zumbido nos ouvidos
- Cansaço excessivo
- Visão embaçada
- Sangramento nasal
Quais os fatores de risco da hipertensão arterial?
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão, alguns modificáveis e outros não. Entre os modificáveis, encontramos:
- Histórico familiar: Pessoas com familiares hipertensos possuem maior predisposição à doença.
- Excesso de peso: O acúmulo de gordura corporal, especialmente na região abdominal, aumenta o risco de hipertensão.
- Sedentarismo: A falta de atividade física regular contribui para o desenvolvimento da doença.
- Hábitos alimentares inadequados: Uma dieta rica em sal, gorduras saturadas e açúcares aumenta o risco de hipertensão.
- Consumo excessivo de álcool: O álcool eleva a pressão arterial e pode piorar a hipertensão.
- Tabagismo: Fumar danifica os vasos sanguíneos e aumenta o risco de doenças cardíacas e AVC, incluindo a hipertensão.
- Estresse crônico: O estresse libera hormônios que elevam a pressão arterial.
Já os fatores de risco não modificáveis incluem:
- Idade: O risco de hipertensão aumenta com a idade.
- Sexo: Mulheres são mais propensos a desenvolver hipertensão
- Etnia: Negros possuem maior prevalência de hipertensão.
Como fazer a prevenção e controle da hipertensão arterial?
Felizmente, a hipertensão, na maioria dos casos, pode ser controlada com mudanças no estilo de vida e, quando necessário, com o auxílio de medicamentos. Adotar hábitos saudáveis é fundamental para prevenir ou controlar a doença e reduzir o risco de complicações graves.
- Alimentação saudável: Reduza o consumo de sal (idealmente menos de 5g por dia), opte por alimentos frescos e ricos em nutrientes, como frutas, legumes e verduras, diminua a ingestão de gorduras saturadas e açúcares e consuma grãos integrais com regularidade.
- Atividade física regular: Pratique pelo menos 30 minutos de exercícios moderados na maioria dos dias da semana. Caminhadas, natação e ciclismo são ótimas opções.
- Peso saudável: Mantenha um peso corporal adequado. Se estiver acima do peso, perder apenas alguns quilos já pode ajudar a reduzir a pressão arterial.
- Adeus ao cigarro: Pare de fumar. O tabagismo é um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas e AVC, além de agravar a hipertensão.
- Moderação no consumo de álcool: Limite o consumo de bebidas alcoólicas. O álcool eleva a pressão arterial.
- Gerenciamento do estresse
Quais são as principais complicações da Hipertensão Arterial?
Consequências do Descontrole
A hipertensão arterial de longa duração pode danificar o coração e os vasos sanguíneos e aumenta o risco de complicações graves, tais como:
- Ataque cardíaco
- Insuficiência cardíaca
- Insuficiência renal
- Infarto
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- Retinopatia
Se não controlada, a hipertensão arterial faz com que o coração aumente de tamanho e suas paredes fiquem mais espessas para bombear sangue com mais força contra a pressão aumentada. O espessamento das paredes cardíacas prejudica o seu funcionamento e pode levar a ritmos cardíacos anormais ou insuficiência cardíaca.
Além disso, a hipertensão arterial provoca o espessamento das paredes dos vasos sanguíneos e também os torna mais propensos a desenvolver aterosclerose
Tratamento da Hipertensão arterial
O tratamento da hipertensão arterial visa reduzir a pressão arterial para níveis considerados seguros e diminuir o risco de complicações. A abordagem terapêutica envolve a adoção de mudanças no estilo de vida, associada, quando necessário, ao uso de medicamentos.
Mudanças no estilo de vida
As mudanças no estilo de vida são fundamentais para o controle da hipertensão e representam a base do tratamento, mesmo em pacientes que necessitam de medicamentos.
Essas mudanças incluem:
- Alimentação saudável: Adotar uma dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), rica em frutas, legumes, verduras, cereais integrais e laticínios com baixo teor de gordura, e com restrição de sal, açúcares e gorduras saturadas.
- Atividade física regular: Praticar exercícios físicos aeróbicos moderados por pelo menos 30 minutos na maioria dos dias da semana.
- Controle do peso: Manter um peso corporal saudável. Perder peso, mesmo que seja uma pequena quantidade, já pode ajudar a reduzir a pressão arterial.
- Limitação do consumo de álcool: Moderar o consumo de bebidas alcoólicas, pois o álcool eleva a pressão arterial.
- Redução do estresse: Praticar técnicas de relaxamento e manejo do estresse, como ioga, meditação ou respiração profunda.
- Sono de qualidade: Dormir de 7 a 8 horas por noite contribui para o controle da pressão arterial.
- Redução do consumo de sódio: A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a ingestão de menos de 5 gramas de sal por dia.
Medicamentos Anti-Hipertensivos
Quando as mudanças no estilo de vida isoladamente não são suficientes para controlar a pressão arterial, o médico pode prescrever medicamentos anti-hipertensivos. Existem diferentes classes de medicamentos, e o médico irá escolher a opção mais adequada para cada caso, considerando fatores como a gravidade da hipertensão, presença de outras doenças e efeitos colaterais.
O uso regular da medicação conforme orientação médica é fundamental para o sucesso do tratamento. É importante ressaltar que a medicação não substitui a adoção de hábitos de vida saudáveis.
Vivendo bem com hipertensão arterial
A hipertensão arterial é uma doença crônica, que necessita de tratamento e controle contínuos ao longo da vida. No entanto, adotando hábitos de vida saudáveis e seguindo as orientações médicas, é possível conviver bem com a hipertensão e reduzir significativamente o risco de complicações.
- Monitore regularmente a pressão arterial: O automonitoramento da pressão arterial domiciliar permite ao paciente acompanhar o seu comportamento pressórico e facilita o controle da doença. É importante ressaltar que o automonitoramento não substitui as consultas médicas periódicas.
- Siga rigorosamente o tratamento medicamentoso: Tome a medicação anti-hipertensiva conforme orientação médica, respeitando os horários e doses prescritas. Nunca abandone a medicação por conta própria, mesmo que se sinta bem.
Conclusão:
A hipertensão arterial, embora seja uma doença crônica, pode ser controlada com sucesso através da adoção de hábitos de vida saudáveis e, quando necessário, com o uso de medicamentos anti-hipertensivos.
Seguindo as orientações médicas e priorizando uma vida saudável, é possível conviver bem com a hipertensão e reduzir drasticamente o risco de complicações graves.
Lembre-se, a hipertensão é silenciosa, mas você não precisa ser. Tome as rédeas da sua saúde e faça da pressão arterial controlada um estilo de vida!
Confira as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Confira artigos que você pode gostar:
Colesterol alto: riscos e dicas para manter a saúde em equilíbrio
Saúde Digestiva
Guia sobre Cefaleia
Alergias: desvendando os mistérios do sistema imunológico em guerra
Uso racional de Medicamentos
Principais Doenças do Intestino
Saúde feminina: doenças que mais afetam as mulheres