O período pré-operatório é uma fase importante que demanda cuidados especiais e atenção minuciosa, independentemente da idade do paciente. No entanto, quando se trata de bebês, essa atenção e cuidado devem ser ainda mais intensificados, principalmente por causa do jejum pré-operatório. Os pequenos pacientes requerem uma abordagem delicada e personalizada para garantir sua segurança e bem-estar durante todo o processo cirúrgico.
Uma das maiores preocupações dos pais durante esse período é o jejum necessário antes da cirurgia. Entender os requisitos específicos de jejum para bebês, seja alimentados com leite materno ou fórmula, é fundamental para evitar complicações durante o procedimento. Além disso, é essencial estar ciente das orientações relacionadas à vacinação e anestesia, pois esses fatores podem influenciar diretamente no sucesso e na segurança da cirurgia.
Neste artigo, iremos mergulhar nas principais dúvidas que cercam o jejum pré-operatório em bebês, fornecendo informações claras e essenciais para orientar os pais nesse processo.
Jejum pré-operatório é necessário?
O jejum pré-operatório é uma prática fundamental em cirurgias, visando evitar complicações como a aspiração de conteúdo gástrico durante o procedimento.
Originada nas observações de Mendelson em 1946, essa medida é adotada para promover o esvaziamento gástrico e prevenir a broncoaspiração. A regurgitação gástrica durante a anestesia pode resultar em complicações graves.
Portanto, ao lidar com cirurgias em bebês, as preocupações e precauções devem ser ainda mais intensificadas, dada a vulnerabilidade desses pacientes durante o período pré-operatório.
Saiba também sobre mitos e verdades sobre jejum em cirurgias de emergência.
E jejum pré-operatório em bebês, é necessário?
Quando nossos pequenos precisam fazer uma cirurgia, temos muitas preocupações e questionamentos.
A primeira coisa que é fundamental saber é que o jejum é o principal preparo para o procedimento cirúrgico e, muitas vezes, é justamente aí que as mamães e papais ficam inseguros. “Posso deixar meu bebê sem se alimentar por quanto tempo? Não é perigoso?”, questionam eles.
Como já vimos, o jejum antes de uma cirurgia é uma medida para prevenir complicações durante o procedimento, como aspiração de conteúdo gástrico. No entanto, quando se trata de bebês, é importante entender que o tempo de jejum pode variar em relação aos adultos devido às necessidades nutricionais e ao funcionamento do sistema digestivo em desenvolvimento.
Geralmente, recomenda-se que bebês alimentados com leite materno ou fórmula não ingiram alimentos sólidos por pelo menos seis horas antes da cirurgia. Isso permite que o estômago do bebê esvazie adequadamente, reduzindo o risco de complicações durante a anestesia e o procedimento cirúrgico. No entanto, a amamentação direta pode ser permitida até quatro horas antes do procedimento, desde que seja seguida a orientação da equipe médica. Diferentemente do leite não humano (animal ou fórmula), que deve ser evitado por 6 horas, tal como os alimentos sólidos.
“E água? Posso dar?”
No caso de água e água de côco, o bebê pode ingerir até 3 horas antes do procedimento cirúrgico. O mesmo período é aplicado para os chás.
Veja abaixo a planilha para melhor entendimento:
Tipo de Alimento | Tempo de jejum antes da cirurgia |
Líquido sem resíduo: água, água de coco, chá | 3 horas |
Leite materno | 4 horas |
Leite não humano (leite animal ou fórmula) | 6 horas |
Refeição leve | 6 horas |
Refeição com gordura ou carne | 8 horas |
É importante ressaltar que bebês prematuros ou aqueles com condições médicas específicas podem ter requisitos de jejum diferentes. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar o tempo de jejum para garantir a segurança e o bem-estar do bebê durante a cirurgia.
Portanto, é fundamental discutir qualquer preocupação ou condição médica com o pediatra e o anestesista antes do dia da cirurgia, para que as instruções do jejum pré-operatório de bebês possam ser fornecidas e seguidas com precisão.
Lembrando sempre que o objetivo principal do jejum é garantir a segurança do bebê durante o procedimento cirúrgico, e seguir as orientações médicas é essencial para alcançar esse objetivo de forma eficaz.
Informações importantes sobre vacinação e anestesia em crianças
Além do jejum pré-operatório em bebês, precisamos trazer outro ponto bastante importante. Os procedimentos cirúrgicos e anestésicos podem temporariamente afetar o sistema imunológico, impactando a resposta vacinal. Por essa razão, é determinante estabelecer um intervalo adequado entre a administração das vacinas e o procedimento cirúrgico/anestésico, a fim de garantir sua eficácia.
Além disso, a reação inflamatória causada pelas vacinas pode dificultar a interpretação de sintomas pós-operatórios, como febre, podendo ser confundidos com complicações do procedimento. Assim, é recomendável que haja uma comunicação com o anestesiologista durante a avaliação pré-anestésica do bebê para orientação específica sobre o tempo necessário entre a vacinação e o procedimento.
O intervalo entre a aplicação da vacina e o procedimento anestésico/cirúrgico varia de acordo com o tipo de vacina:
- Para BCG, rotavírus, poliomielite oral, febre amarela, tríplice viral, tetra viral, varicela (catapora) e dengue, recomenda-se um intervalo de 20 dias, pois reações adversas podem surgir entre 7 e 20 dias após a vacinação.
- Já para poliomielite injetável, DTP, hepatite B, meningocócica, influenza e pneumocócica, um intervalo de 7 dias é indicado, visto que reações adversas podem ocorrer nas primeiras 48 horas após a vacinação.
Portanto, é fundamental discutir essas questões com o anestesiologista durante a avaliação pré-anestésica do bebê, garantindo assim a segurança e eficácia do procedimento cirúrgico.
Saiba mais sobre a necessidade da avaliação pré-anestésica.
Outras orientações importantes para cirurgia em bebês
Uma outra coisa que é bem importante lembrar no momento da internação é que se a criança estiver apresentando gripe, resfriado, tosse com expectoração, febre, dificuldade respiratória, diarreia, vômitos ou estiver usando antibiótico, é preciso passar antes pela avaliação do anestesiologista, confirmando a possibilidade da cirurgia na data.
Além disso, é necessário que os bebês estejam com fraldas limpas.
Tomando esses cuidados, você já pode ter mais tranquilidade no momento de um procedimento cirúrgico de seu bebê.
Conclusão
É fundamental reconhecer a importância do jejum pré-operatório em bebês e a necessidade de cuidados específicos para garantir sua segurança durante o procedimento.
O jejum adequado, a consideração do tempo entre a vacinação e a cirurgia/anestesia, e a comunicação eficaz com os profissionais de saúde são fundamentais para mitigar riscos e promover um ambiente cirúrgico seguro.
Além disso, atentar para sintomas prévios à cirurgia e garantir condições higiênicas adequadas são passos essenciais para o bem-estar do bebê durante o processo.
Com essas precauções em mente, os pais podem enfrentar a cirurgia de seus bebês com mais confiança e tranquilidade, sabendo que estão fazendo o melhor para garantir o sucesso do procedimento e a recuperação saudável de seus filhos.