O que é saúde mental?
Entender a saúde mental vai muito além da simples ausência de doenças mentais, revelando-se como um delicado equilíbrio emocional e psicológico.
Não existe uma definição única e oficial para saúde mental, mas sua essência está na maneira como respondemos às exigências e mudanças da vida, harmonizando nossas ideias e emoções. Diariamente, nos deparamos com emoções diversas, parte intrínseca da experiência humana.
Mais do que a ausência de problemas, a saúde mental é um estado que capacita a lidar com as complexidades do cotidiano. Num mundo contemporâneo marcado pelo ritmo acelerado e relações aparentemente frágeis, esse equilíbrio permite o desenvolvimento de habilidades pessoais, a gestão de estresses, a produtividade no trabalho e a contribuição para a comunidade.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde mental é um estado de bem-estar vivenciado pelo indivíduo, indo além do aspecto puramente psicológico e sendo intrinsicamente ligada a condições biopsicossociais. Essa abordagem ressalta a importância de considerar os fatores biológicos, psicológicos e sociais que impactam nosso bem-estar mental.
Qual a importância da saúde mental?
O que é ter saúde mental?
O que impacta na saúde mental: causas e consequências
Muitas perguntas, mas calma! Ter saúde mental vai além da mera inexistência de doenças mentais. Ela implica, acima de tudo, o entendimento dos próprios limites, a vivência de uma variedade de emoções diárias e a capacidade de enfrentar os desafios da vida de maneira equilibrada. Trata-se de um estado dinâmico que exige práticas regulares de autocuidado, demonstrando resiliência frente às pressões cotidianas.
A saúde mental está intrinsecamente ligada à maneira como respondemos às demandas da vida. Diversos fatores, como estresse, traumas, predisposição genética e influências ambientais, podem afetar a saúde mental. Compreender esses elementos é crucial para a prevenção e tratamento de transtornos mentais, ansiedade, depressão e outras condições.
A abordagem integral da saúde inclui tanto o corpo quanto a mente, reconhecendo a interconexão entre eles. O corpo e a mente não são entidades isoladas, e a atenção integral à saúde considera a influência mútua entre o estado psíquico e físico.
Ter saúde mental significa:
– Bem-estar consigo mesmo e com os outros: Manter uma paz interior e cultivar relacionamentos saudáveis são aspectos fundamentais desse equilíbrio.
– Aceitação das exigências da vida: Reconhecer que a vida é repleta de desafios e abraçar essas exigências contribui para a construção de uma mente saudável.
– Gestão das emoções: Além de lidar com emoções positivas, envolve enfrentar aquelas desagradáveis que são inerentes à experiência humana.
– Reconhecimento de limites e busca por apoio: Indivíduos mentalmente saudáveis reconhecem seus limites e procuram apoio sem hesitação, seja diante de conflitos, perturbações ou transições significativas em diferentes etapas da vida.
Em síntese, ter saúde mental é encontrar um equilíbrio dinâmico entre aceitar desafios, gerenciar emoções, reconhecer limites e buscar apoio quando necessário. Essa abordagem abrangente reconhece a interdependência entre corpo e mente, ressaltando a importância de uma atenção holística à saúde.
Saúde mental no trabalho
O ambiente profissional desempenha um papel crucial na saúde mental, com altas demandas e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional contribuindo para problemas mentais. Os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) emergem como a terceira maior causa de afastamento laboral, indicando uma situação epidêmica no Brasil.
Alguns setores específicos enfrentam altos índices de transtornos mentais, agravados pelo assédio moral constante. A subnotificação dos casos, devido ao medo e à falta de acolhimento, é um desafio, destacando a necessidade urgente de mudar a cultura organizacional.
Apesar da crise econômica após a pandemia da Covid, milhões de trabalhadores buscaram demissão, evidenciando uma mudança de perspectiva em relação ao papel central do emprego em suas vidas. Isso ressalta a importância de os gestores estarem atentos aos sinais dos colaboradores e priorizarem a discussão aberta sobre a saúde mental no trabalho.
Em suma, a saúde mental no contexto profissional é um desafio multifacetado que exige atenção, mudanças culturais e estratégias proativas para promover o diálogo, conscientização e suporte efetivo.
Saúde mental pós pandemia
Os desdobramentos da pandemia de Covid, em 2020, continuam a ecoar na saúde mental global, deixando cicatrizes profundas que demandam atenção especial na fase pós-pandêmica. O isolamento, a incerteza e as mudanças abruptas impactaram de maneira única, requerendo esforços concentrados para reconstruir a resiliência, procurar apoio e implementar estratégias eficazes diante dos desafios emocionais.
A transição para o trabalho remoto, acompanhada da ansiedade relacionada ao vírus, intensificou a sensação de solidão. Muitos enfrentaram não apenas a adaptação a novas formas de trabalho, mas também a perda de emprego e renda, contribuindo para um ambiente propício ao acúmulo de frustrações e tristezas.
Parte desse impacto é claramente mensurável. Em 2020, a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez decorrente de transtornos mentais e comportamentais atingiu números recordes. Segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, foram mais de 576 mil afastamentos, representando um aumento de 26% em relação a 2019. Os afastamentos por depressão e ansiedade, em particular, registraram a maior alta entre as principais razões para o benefício, passando de 213,2 mil em 2019 para 285,2 mil em 2020, um aumento de 33,7%. A duração média nos casos de doença mental foi de 196 dias.
A realidade pós-pandemia exige esforços conjuntos de empresas e trabalhadores para abordar as questões de saúde mental de maneira eficiente, reconhecendo a importância crucial de cuidar do bem-estar emocional no ambiente de trabalho.
Dados sobre a saúde mental no Brasil e no Mundo
A saúde mental é uma preocupação global, impactando significativamente a qualidade de vida e a produtividade econômica.
Saúde mental no mundo:
– 30% dos adultos atendem aos critérios de diagnóstico para qualquer transtorno mental;
– 80% daqueles que sofrem com transtornos mentais vivem em países de baixa e média renda;
– Os transtornos mentais respondem por 32,4% dos anos de vida vividos com incapacidade.
Saúde mental no Brasil:
– Temos o 3º pior índice de saúde mental dentro de um ranking com 64 países;
– Lideramos o ranking de ansiedade e depressão na América Latina;
– Quase 19 milhões de brasileiros possuem essas condições;
– A ansiedade e depressão correspondem, respectivamente, pela quinta e sexta causas de anos de vida vividos com incapacidade;
– 30% dos adolescentes manifestam transtornos mentais comuns, evidenciados por sintomas como ansiedade, depressão e queixas somáticas não específicas.
Política Nacional de Saúde Mental
A Política Nacional de Saúde Mental, regida pela Lei Federal 10.216/2001 e coordenada pelo Ministério da Saúde, visa organizar a assistência a transtornos mentais e demandas relacionadas ao uso de substâncias psicoativas. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), guiada pelos princípios de universalidade, integralidade e equidade, oferece acolhimento, identificação de necessidades, intervenções terapêuticas e reintegração para transtornos mentais e condições decorrentes do uso de substâncias.
Esse tipo de política é essencial para construirmos uma sociedade solidária e acolhedora, garantindo a integralidade do cuidado à saúde.
Diferença entre transtorno mental e doença mental
A diferenciação entre transtorno mental e doença mental reside na abordagem diagnóstica. Enquanto a doença implica um estado anormal com causas definidas, sintomas específicos e tratamentos padronizados, o transtorno refere-se a uma trajetória diagnóstica mais variável e multifatorial. A doença está associada a alterações físicas e psicológicas com causas diagnosticadas, enquanto o transtorno, frequentemente relacionado à saúde mental, pode não necessariamente indicar uma doença com causa clara, sendo mais comumente vinculado às alterações cerebrais.
Em resumo, são termos distintos que refletem diferentes abordagens e compreensões clínicas.
Preconceito sobre a saúde mental
O estigma em torno da saúde mental persiste, ancorado em preconceitos históricos. A “loucura” foi associada ao afastamento, historicamente interpretada de forma negativa. A compreensão atual da saúde mental é nebulosa, sendo percebida como uma fraqueza controlável pelo indivíduo, dificultando seu reconhecimento como doença legítima.
O preconceito impede muitas pessoas de buscar ajuda, com medo. Desconstruir esses preconceitos é crucial, promovendo diálogos abertos. Desafiar o preconceito demanda discussões contínuas, reconhecendo a diversidade e construindo ambientes inclusivos, onde a diferença seja enriquecedora, não motivo de afastamento.
Transtornos da saúde mental fragilizada
A fragilidade da saúde mental se desdobra em diversos transtornos, desafiando a estabilidade emocional e psicológica.
Ansiedade
Figurando entre os transtornos mais prevalentes, a ansiedade se manifesta por preocupações excessivas, impactando a rotina e manifestando-se em sintomas físicos e emocionais.
Indivíduos ansiosos vivenciam uma constante tensão, antecipando eventos negativos iminentes. Essa condição contribui para uma autoestima reduzida, gerando impactos adversos nas esferas social, afetiva e profissional.
Síndrome do Pânico
Agravando-se a partir da ansiedade, a síndrome do pânico manifesta-se em ataques intensos, associados a medos irracionais. Além de psicoterapia, podem ser prescritos medicamentos para casos mais graves.
Depressão
Com uma prevalência estimada em 15,5% ao longo da vida no Brasil, a depressão vai além da tristeza comum. Causa falta de energia, apetite e libido, podendo levar à incapacitação para o trabalho.
Transtorno de estresse pós-traumático
Diferentemente de outros transtornos, o TEPT tem uma causa específica, surgindo após eventos traumáticos. É comum em situações como perda de entes queridos, acidentes graves ou experiências de guerra.
Burnout
A Síndrome de Burnout, expressão máxima do esgotamento no ambiente profissional, revela-se como uma resposta extrema ao estresse crônico, minando a capacidade de enfrentar demandas laborais.
32% dos brasileiros são diagnosticados com essa síndrome.
Atenção aos sinais de alerta de uma saúde mental comprometida
O corpo e a mente emitem sinais de alerta indicativos de desequilíbrios psíquicos:
- Alterações nos hábitos alimentares, seja excesso ou falta de ingestão;
- Irregularidades no padrão de sono, podendo ser excessivo ou insuficiente;
- Tendência a se isolar socialmente;
- Perda de interesse ou prazer em atividades rotineiras;
- Sensação de exaustão persistente, mesmo após descanso;
- Dificuldades em relaxar ou repousar;
- Sentimento de apatia ou indiferença;
- Presença constante de culpa, desesperança ou impotência;
- Uso descontrolado de substâncias como tabaco, álcool ou drogas;
- Manifestações de confusão, esquecimento, tensão, raiva, irritação, preocupação ou medo frequentes;
- Comportamento agressivo com familiares e amigos;
- Observação por parte de pessoas próximas de mudanças intensas de humor;
- Memórias e pensamentos intrusivos e persistentes;
- Percepção de vozes ou imagens inexistentes;
- Adesão a crenças que destoam da maioria;
- Tendências autolesivas ou prejudiciais aos outros;
- Incapacidade de realizar tarefas cotidianas;
- Pensamentos de autodestruição.
Se perceber indícios de quaisquer desses sintomas ou transtornos, busque auxílio médico sem hesitar. A saúde mental demanda cuidados urgentes.
Como conquistar e manter a saúde mental?
Dicas para manter a saúde mental
Alcançar e preservar a saúde mental envolve práticas diárias. Equilibrar trabalho e lazer, cultivar relacionamentos saudáveis, praticar a autocompaixão e procurar ajuda profissional quando necessário são pilares fundamentais desse processo contínuo.
– Antes de tudo, se conheça. O autoconhecimento ajuda bastante;
– Integre práticas relaxantes, como meditação e ioga, na rotina;
– Tente manter uma rotina;
– Estabeleça limites claros entre trabalho e vida pessoal;
– Nutra conexões sociais significativas;
– Realize exercícios físicos;
– Realize atividades prazerosas para si;
– Busque uma alimentação saudável;
– Reforce laços de amizades;
– Tente controlar o estresse;
– Diminua a cobrança pessoal e permita-se ter momentos de “não fazer nada”;
– Desconecte-se um pouco do mundo virtual;
– Priorize a saúde física, reconhecendo sua interconexão com a saúde mental;
– Busque ajuda profissional ao sentir necessidade.
Janeiro Branco
O Janeiro Branco, uma campanha dedicada à conscientização da saúde mental, procura desmistificar e incentivar diálogos abertos. O movimento, realizado ao longo do primeiro mês do ano, visa aprofundar a compreensão e a reflexão sobre questões relacionadas ao bem-estar psicológico. Por meio de atividades, discussões e divulgação de informações, a campanha destaca a importância de cuidar da saúde mental em todos os aspectos da vida. O Janeiro Branco instiga as pessoas a considerarem suas emoções, a buscarem auxílio quando necessário e a promoverem ambientes mais compreensivos e acolhedores em relação às questões mentais.
As campanhas nacionais são muito importantes. Você conhece todas? Saiba mais também sobre o Novembro Azul.
“Por vezes, é cuidando da saúde mental que a gente cuida do resto do nosso corpo.”
1 Comentário. Deixe novo
Ótima iniciativa de abordar e dar visibilidade ao tema da saúde mental, que, infelizmente, ainda sofre estigma e preconceito! Saúde integral requer saúde mental! Condições dignas de vida (alimentação, trabalho, lazer) e redes de apoio fortalecidas são fundamentais! Parabéns!