O câncer de pele não melanoma é o tipo mais comum de câncer de modo geral e de câncer de pele no Brasil, respondendo por quase 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Apesar de ser altamente curável quando detectado precocemente, ainda representa um problema de saúde pública, com alto índice de incidência e, se negligenciado, pode levar a complicações graves.
Neste post, aprofundaremos nosso conhecimento sobre o câncer de pele não melanoma, desde suas causas e tipos até os sinais de alerta, métodos de diagnóstico, opções de tratamento e medidas de prevenção.
O que é o câncer de pele?
Como é o início do câncer de pele?
Antes de iniciar o assunto principal deste artigo, achamos importante trazer a definição primeiro do que se trata essa doença de modo geral.
O câncer de pele se caracteriza pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Esse crescimento desenfreado pode resultar em tumores, os quais podem se espalhar para outras partes do corpo caso não sejam tratados a tempo.
Quais os tipos de câncer de pele?
Qual é a aparência de um câncer de pele?
Existem tipos de câncer de pele, cada uma com características distintas: o melanoma, o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular. Cada um deles age na pele de forma diferente e atingem profundidades diferentes.
Fonte imagem: G1
Câncer de pele Melanoma
O melanoma, menos comum porém mais grave, pode surgir em qualquer parte do corpo, incluindo mucosas, apresentando-se como manchas, pintas ou sinais na pele. Representando apenas 3% das neoplasias malignas da pele no Brasil, o melanoma é conhecido por sua alta tendência de metastização para outros órgãos.
O diagnóstico precoce é determinante para um prognóstico favorável, destacando a importância da vigilância e do tratamento imediato por profissionais especializados.
Câncer de pele não melanoma
O que é Carcinoma?
O que é o câncer de pele não melanoma e como ele se desenvolve?
Os carcinomas, que incluem o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, são os tipos mais comuns de câncer não melanoma.
Carcinoma basocelular
- O carcinoma basocelular é o tipo mais comum de câncer de pele
- Representando entre 75 a 80% dos casos
- É considerado o menos agressivo entre os cânceres de pele.
- Tem origem em células específicas da camada externa da pele, chamada epiderme.
- É frequentemente identificado pela sua aparência característica, mas é confirmado através de biópsia.
- Pode apresentar-se de forma plana, semelhante a uma cicatriz, ou com leve inchaço.
- Um sinal comum é um pequeno inchaço brilhante na pele que aumenta lentamente, podendo formar crostas e ocasionalmente sangrar.
- O tipo mais comum se apresenta como um nódulo, pápula ou bolinha que cresce e desenvolve bordas elevadas.
- Em alguns casos, pode ocorrer ulceração central, resultando em uma ferida que pode eventualmente sangrar.
- É mais comum em pessoas de pele clara e que têm histórico de exposição ao sol, sendo raro em indivíduos de pele escura.
- Geralmente se desenvolve em áreas da pele expostas à luz solar, especialmente na cabeça, pescoço e couro cabeludo.
- Os tumores crescem lentamente, muitas vezes passando despercebidos.
- A taxa de crescimento varia significativamente entre os tumores, podendo alguns crescer até um centímetro por ano.
- Raramente se espalha para outras partes do corpo (metástases), mas pode destruir lentamente os tecidos circundantes.
- Quando localizado próximo aos olhos, orelhas, boca, ossos ou cérebro, pode causar sérias complicações devido à invasão dos tecidos adjacentes.
- Na maioria dos casos, limita-se ao crescimento dentro da pele e apresenta altas taxas de cura quando diagnosticado precocemente.
Quais são os tipos de carcinoma basocelular?
O câncer de pele não melanoma carcinoma basocelular possui alguns subtipos que valem nossa atenção. Compreender essas variações é fundamental para um diagnóstico preciso e tratamento eficaz.
Carcinoma basocelular nodular
- Aparência: O mais frequente, apresenta pequenos nódulos rosados, brilhantes e firmes, com telangiectasias nas bordas. Imagine uma pápula perolada, como uma pérola, em área fotoexposta.
- Potencial: Baixo potencial de metástase.
Carcinoma basocelular micronodular
- Aparência: Semelhante ao carcinoma basocelular nodular, porém o micronodular raramente úlcera. Mais comum no rosto.
- Potencial: Alto potencial de recidiva. Vigilância constante é fundamental para evitar a progressão da doença.
Carcinoma basocelular cístico
- Aparência: Semelhante a um cisto, podendo gerar confusão no diagnóstico.
- Potencial: Envio imediato para análise histológica após a retirada é fundamental para um diagnóstico preciso.
Carcinoma basocelular morfeiforme
- Aparência: Plana (como cicatriz endurecida), cerosa, sem demarcação definida e com telangiectasia (vasos sanguíneos que ficam logo abaixo da pele).
Carcinoma basocelular pigmentado
- Aparência: Pigmentação escura, podendo levar a erros de diagnóstico com melanoma.
- Potencial: Menos agressivo que o melanoma, mas o diagnóstico correto é essencial.
Carcinoma basocelular superficial
- Aparência: Lesões eritemato escamosas, semelhantes à dermatite, em áreas fotoexpostas, geralmente em idosos.
- Potencial: Baixo potencial de metástase.
Carcinoma basocelular infiltrativo
- Potencial: Capacidade de infiltração nas camadas da pele, com alto potencial de recorrência e comportamento agressivo. Exige tratamento imediato e acompanhamento rigoroso.
Carcinoma basocelular esclerodermiforme
- Aparência: Lembra uma cicatriz, com má delimitação
- Potencial: Acompanhamento rigoroso é essencial para detectar sinais de recidiva precocemente, já que ele normalmente é mal limitado e durante a retirada pode não ser eliminado por completo.
O diagnóstico preciso do tipo de carcinoma basocelular é fundamental para direcionar o tratamento adequado e garantir melhores resultados. Não hesite em procurar um dermatologista se suspeitar de alguma pinta, mancha ou cicatriz.
Confira algumas imagens de carcinoma basocelular.
Carcinoma espinocelular
Carcinoma de células escamosas
- Também conhecido como CEC, doença de Bowen ou carcinoma de células escamosas.
- Tem origem na camada mais superficial da epiderme.
- O carcinoma de células escamosas é o segundo tipo mais comum de câncer de pele
- Corresponde a cerca de 20% de todos os casos
- Embora mais graves que os carcinomas basocelulares, os carcinomas espinocelulares são mais raros.
- É mais comum em pacientes de pele clara e olhos claros, especialmente em pessoas idosas e mais frequentemente em homens.
- Caracteriza-se pelo aparecimento de uma área avermelhada coberta por crostas, com lesões bem definidas e bordas irregulares.
- Afeta áreas do corpo expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, lábios e dorso das mãos, podendo também se desenvolver em áreas internas como lábios, língua, esôfago, pulmão, ânus, boca, cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele, e órgãos genitais devido a infecções pelo vírus do papiloma humano (HPV).
- Alguns casos iniciam-se em queratoses actínicas.
- Pode evoluir para um câncer invasivo e deve ser tratado rapidamente após diagnóstico por biópsia.
- É altamente curável e as mortes causadas por ele são incomuns.
Tipos de carcinoma espinocelular
Pode ser classificado em três tipos:
- Bem diferenciado: cresce mais lentamente e é menos distinto das células saudáveis da pele.
- Moderadamente diferenciado: apresenta um crescimento intermediário – em progressão.
- Pouco diferenciado: mais agressivo, com células que crescem rapidamente.
Confira algumas imagens de carcinoma espinocelular.
Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele não melanoma?
A principal causa do câncer de pele não melanoma é a exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV) do sol. Mas veja todos os fatores de risco:
Exposição prolongada e repetida ao sol
A exposição excessiva à radiação UV do sol é o principal fator de risco. Queimaduras solares, especialmente na infância, também aumentam o risco.
Pessoas que trabalham sob exposição direta ao sol
Profissionais que trabalham ao ar livre, têm maior risco devido à exposição prolongada à radiação UV.
Sexo
Homens correm risco duas vezes maior de ter carcinoma basocelular e três vezes maior de ter carcinoma espinocelular que as mulheres.
Pele e olhos claros
Indivíduos com pele clara, cabelos loiros ou ruivos e olhos azuis ou verdes apresentam maior propensão ao desenvolvimento da doença. A menor quantidade de melanina na pele torna-a mais vulnerável aos danos causados pela radiação ultravioleta (UV) do sol.
Histórico familiar
Pessoas com familiares com este tipo de câncer apresentam maior risco de desenvolver a doença. Isso sugere que fatores genéticos podem ter influência no desenvolvimento do câncer.
Idade avançada
Com o envelhecimento, a capacidade da pele de se reparar após a exposição à radiação UV diminui, aumentando o risco.
Exposição a câmaras de bronzeamento artificial
A radiação UV emitida por câmaras de bronzeamento artificial também aumenta o risco. Essa prática deve ser evitada, pois os riscos superam os benefícios estéticos.
Imunossupressão
Indivíduos com o sistema imunológico enfraquecido, como portadores de HIV/AIDS ou que fazem uso de medicamentos imunossupressores, têm maior susceptibilidade ao câncer de pele não melanoma. O sistema imunológico debilitado tem menor capacidade de combater as células cancerígenas.
Pessoas com doenças cutâneas prévias
Indivíduos com doenças cutâneas pré-existentes, como xeroderma pigmentoso ou cicatrizes de queimaduras graves, apresentam maior risco. Essas condições podem tornar a pele mais suscetível aos danos causados pela radiação UV.
Psoríase
Portadores de psoríase que foram tratados com psoralen e radiação ultravioleta podem ter maior risco. Essa combinação terapêutica aumenta a exposição à radiação UV.
Radioterapia
Pessoas que fizeram tratamento com radioterapia, principalmente na infância, têm maior risco. A radiação utilizada no tratamento pode danificar as células da pele e aumentar o risco de câncer.
Quais os principais sintomas e sinais do câncer de pele não melanoma?
Como é a ferida, mancha ou pinta de um câncer não melanoma?
Quando suspeitar de câncer de pele?
O diagnóstico precoce do câncer de pele não melanoma é fundamental para o sucesso do tratamento e a alta taxa de cura. É importante estar atento aos seguintes sinais e sintomas, de maneira geral:
- Manchas na pele: Lesões que coçam, ardem, descamam ou sangram, principalmente em áreas expostas ao sol.
- Feridas que não cicatrizam: Feridas que persistem por mais de quatro semanas, mesmo com cuidados adequados.
- Pequenos nódulos: Nódulos firmes na pele, que podem crescer e se ulcerar.
- Manchas avermelhadas ou rosadas: Áreas avermelhadas ou rosadas que crescem e podem apresentar bordas irregulares.
- Sinais em cicatrizes: Lesões que se desenvolvem sobre cicatrizes antigas, principalmente de queimaduras.
É importante reforçar também que nem toda pinta ou mancha é sinal de câncer, mas qualquer alteração suspeita deve ser avaliada sem hesitação.
Qual a importância do autoexame da pele para diagnóstico precoce de câncer de pele não melanoma?
O autoexame da pele é muito importante para a detecção precoce do câncer de pele não melanoma. Observe todo o corpo, inclusive áreas de difícil visualização, como costas e couro cabeludo.
Quando procurar um dermatologista?
Consulte um dermatologista sempre que você notar qualquer alteração suspeita em sua pele, independentemente de se enquadrar exatamente nos sinais descritos.
Diagnóstico do câncer de pele não melanoma
O diagnóstico preciso do câncer de pele não melanoma é necessário para o sucesso do tratamento e a garantia de um bom prognóstico. Para te auxiliar a entender esse processo de forma abrangente, vamos detalhar cada etapa:
1. Exame físico:
O dermatologista realiza uma avaliação detalhada da pele, buscando identificar lesões suspeitas, como manchas, pintas, nódulos ou feridas que não cicatrizam. Essa análise minuciosa é fundamental para detectar sinais precoces da doença.
2. Dermatoscopia:
Em casos suspeitos, o especialista utiliza um dermatoscópio, um pequeno aparelho com luz especial que amplia a imagem da área em até dez vezes. Essa ferramenta permite ao dermatologista:
- Observar características da lesão: Vasos sanguíneos, pigmentação e estrutura da pele em detalhes.
- Aumentar a precisão do diagnóstico: Evitando biópsias desnecessárias e otimizando o processo.
3. Biópsia:
A biópsia é a retirada de uma pequena amostra da lesão suspeita para análise laboratorial. Essa etapa é importante para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo de câncer. Existem diferentes técnicas de biópsia, cada uma com suas vantagens e desvantagens:
- Biópsia excisional: Retirada completa da lesão.
- Biópsia incisional: Retirada de parte da lesão.
- Biópsia por agulha fina: Aspiração de células da lesão com uma agulha fina.
- Cirurgia de Mohs: Técnica que combina diagnóstico e tratamento, removendo camadas finas da lesão e analisando-as ao microscópio até que todas as células cancerígenas sejam removidas. Essa técnica minimiza o tamanho da cicatriz e preserva tecido saudável.
Tratamento do câncer de pele não melanoma
O tratamento do câncer de pele não melanoma depende do tipo, tamanho, localização e profundidade da lesão, além da saúde geral do paciente.
As principais opções de tratamento incluem:
Cirurgia
A remoção cirúrgica da lesão é o tratamento mais comum e eficaz. Existem diferentes técnicas cirúrgicas, como a curetagem e eletrodessecação (como se fosse uma raspagem), excisão simples e cirurgia de Mohs.
Crioterapia ou congelamento
Utilização de nitrogênio líquido para congelar e destruir as células cancerígenas.
Medicamentos tópicos
Aplicação de cremes ou pomadas com substâncias quimioterápicas diretamente sobre a lesão.
Imunoterapia
Tratamento que estimula o sistema imunológico para combater as células cancerígenas.
Radioterapia e quimioterapia
Mais indicado em alguns casos de carcinomas espinocelulares, visto seu potencial um pouco maior de se espalharem para outros órgãos.
É grave câncer de pele não melanoma?
Câncer de pele não melanoma mata?
O câncer de pele, em suas diversas formas, é o tipo mais comum de câncer no Brasil, gerando preocupação e dúvidas na população, especialmente sobre sua letalidade. É importante compreender e reforçar novamente que, na maioria dos casos, o câncer de pele é curável quando detectado precocemente. Este é o ponto principal a ser lembrado.
Os índices de cura são altamente promissores nos estágios iniciais da doença, especialmente para os tipos mais comuns como o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, ambos não melanoma.
No entanto, quando não diagnosticado e tratado a tempo, o câncer de pele não melanoma, embora menos grave que o melanoma, também pode levar ao óbito. Em 2017, por exemplo, foram registrados 1.301 óbitos entre homens e 949 entre mulheres por este tipo de câncer. Em 2019, esses números aumentaram, com 1.488 mortes entre homens e 1.128 entre mulheres.
É essencial estar atento aos sinais e sintomas, procurando ajuda médica especializada ao notar qualquer alteração suspeita na pele.
Para concluir, um dado alarmante: estima-se que entre 2023 e 2025 ocorram cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste com uma incidência de aproximadamente 70%. Portanto, é fundamental que as pessoas cuidem da saúde da pele, conscientizando-se de que a proteção solar adequada não é apenas uma questão de estética, mas sim de saúde.
Prevenção
Como prevenir o câncer de pele não melanoma?
A prevenção é a melhor estratégia para evitar o câncer de pele e suas complicações, incluindo o risco de morte. Adotando medidas simples na sua rotina, você pode reduzir drasticamente suas chances de desenvolver a doença:
- Use protetor solar: FPS 30 ou superior, reaplicando a cada 2 horas e após sudorese.
- Evite a exposição solar excessiva: Principalmente entre 10h e 16h, quando os raios UV estão mais intensos.
- Busque a sombra: Prefira ambientes com sombra, especialmente nos horários de pico de sol.
- Vista-se e proteja-se: Use roupas adequadas, chapéus de abas largas e óculos escuros para proteger sua pele.
- Conheça seus sinais: Examine sua pele regularmente e procure um dermatologista para acompanhamento.
Conclusão:
O câncer de pele não melanoma é o tipo mais comum de câncer no Brasil, representando uma preocupação significativa de saúde pública.
Embora altamente curável quando diagnosticado precocemente, sua incidência crescente demanda atenção constante e cuidados preventivos.
Este artigo explorou detalhadamente desde suas causas até as opções de tratamento disponíveis, enfatizando a importância do autoexame regular e da consulta com um dermatologista diante de qualquer alteração na pele.
Proteger-se do sol, adotar hábitos saudáveis e estar consciente dos fatores de risco são passos importantes para reduzir a incidência e garantir prognósticos favoráveis.
Saiba mais sobre o assunto com o Ministério da Saúde.
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