O papel do anestesiologista vai além do centro cirúrgico, estendendo-se ao tratamento de dores crônicas e ao alívio do desconforto em diversos procedimentos médicos. Neste artigo, exploraremos a importância do anestesiologista, a complexidade da dor, os mecanismos da anestesia e seu papel no tratamento da dor crônica.
O que é a dor?
O que é dor crônica?
A dor, originada do termo latino “dolore”, vai muito além de uma sensação desagradável. É uma experiência sensitiva e emocional, fundamental para a sobrevivência.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 30% da população do mundo sofre com dores crônicas. Apenas no Brasil, o problema atinge pelo menos 60 milhões de pessoas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED).
A principal causa para essa alta incidência é o menosprezo da dor, que leva seus portadores a não procurarem ajuda médica para diagnosticar e tratar a condição.
Essa condição debilitante pode estar associada a diversas patologias, como fibromialgia, endometriose e hérnia de disco.
Como a dor acontece?
A dor pode ocorrer seguindo a transmissão dos sinais elétricos através dos nociceptors (são receptores sensoriais que são responsáveis por detectar estímulos prejudiciais ou nocivos e transmitir sinais elétricos ao sistema nervoso) até o sistema nervoso central, sendo chamada de dor nociceptora, ou por meio de lesão de nervos envolvidos no caminho de condução dos estímulos dolorosos até o sistema nervoso central, o que caracteriza a dor neuropática. Por fim, quando existe um conjunto de fatores que levam à ocorrência da dor, é chamada de dor mista.
Em um mecanismo típico, estímulos (mecânico, químico ou físico) são compreendidos por terminações nervosas nos nociceptores. Através de mecanismos químicos este estímulo é conduzido até a medula óssea, cuja função é encaminhar o estímulo até o encéfalo. O processamento central da dor vai ocorrer em cinco vias ascendentes principais até o tálamo, que funciona como uma estação de transmissão, direcionando informações sensoriais até o córtex cerebral. No córtex cerebral esse estímulo é traduzido em sensação, levando-se em consideração as questões psicológicas e sociais, que levam a cada indivíduo a interpretar a dor de forma única.
Dados sobre dores crônicas
Em situações em que os indivíduos enfrentam dores intensas, a obtenção ou manutenção de emprego torna-se um desafio significativo. Isso não apenas afeta diretamente os próprios trabalhadores, mas também impõe desafios substanciais aos empregadores. A condição reflete-se em licenças médicas prolongadas, potenciais aposentadorias por invalidez, aumento nos custos relacionados à assistência médica e, inevitavelmente, resulta em perda de produtividade no ambiente de trabalho.
Ilustrando esse cenário, uma pesquisa abrangente conduzida na Europa, com a participação de mais de 46 mil entrevistados distribuídos por 15 países, fornece insights preocupantes:
- 61% dos indivíduos afetados pelas dores crônicas enfrentaram dificuldades para manter empregos fora de casa;
- 19% perderam seus empregos devido à persistência da dor;
- Apenas 2% receberam tratamento de especialistas em dor;
- 48% relataram ter recebido tratamento inadequado para o alívio da dor.
Esses números revelam a magnitude do impacto das dores crônicas não apenas na vida diária dos afetados, mas também nas dinâmicas do mercado de trabalho e na saúde financeira das empresas.
Saiba mais aqui sobre o Bloqueio Regional.
Qual é o papel do anestesista no tratamento das dores crônicas?
O anestesiologista, especialista no controle da dor, desempenha um papel crucial no tratamento da dor crônica. Colaborando com outros profissionais de saúde, realiza uma avaliação minuciosa do quadro clínico, identificando causas e consequências. Para dores provenientes de outras doenças, como a osteoartrite, o tratamento do problema primário é essencial, contando com a atuação de outros especialistas.
Métodos de tratamento para dores crônicas:
O tratamento da dor crônica é multifacetado e pode incluir medicamentos analgésicos, fisioterapia, terapia ocupacional e psicoterapia. Além disso, o anestesiologista emprega técnicas avançadas, como bloqueio nervoso, utilizando anestesia local para interromper vias nervosas responsáveis pela transmissão da dor. Terapias complementares, como acupuntura, ioga e massoterapia, também se mostram eficazes.
Bloqueio nervoso
Por meio de anestesia local, interrompe-se uma via nervosa responsável por transmitir a sensação de dor. O método também é feito com substâncias cáusticas, crioterapia, corticoides e sonda de radiofrequência.
Terapias complementares
Alguns procedimentos da medicina complementar e integrativa podem auxiliar no tratamento da dor crônica, entre eles estão: acupuntura, ioga, massoterapia e quiroprática.
A bomba intratecal como inovação no alívio da dor
Uma abordagem inovadora é a bomba intratecal, liberando pequenas quantidades de morfina na região da coluna por meio de um cateter implantado. Essa técnica oferece alívio prolongado, devolvendo autonomia e bem-estar ao paciente.
Saiba mais sobre o papel do anestesiologista em cuidados paliativos.
Conclusão
O anestesiologista emerge como um protagonista na gestão da dor, não apenas durante procedimentos cirúrgicos, mas também no tratamento das dores crônicas. Sua atuação multifacetada, aliada a técnicas inovadoras, destaca a importância desse especialista na promoção do bem-estar e qualidade de vida dos pacientes. A busca por tratamento adequado é crucial, e a colaboração com um anestesiologista pode ser o caminho para o alívio tão necessário.
Se você enfrenta dores persistentes, não hesite em procurar ajuda médica especializada para recuperar o conforto e a tranquilidade em sua vida.
Referência: NIH – National Library of Medicine – Pesquisa na Europa.