A gravidez ectópica ocorre quando o embrião se desenvolve fora da cavidade uterina, o local natural para o crescimento de uma gestação.
Normalmente, após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, o embrião se desloca pelas trompas de Falópio em direção ao útero, onde se implanta e começa seu desenvolvimento. No entanto, em uma gravidez ectópica, o embrião se fixa em um local inadequado para seu crescimento, geralmente nas trompas de Falópio, embora também possa se localizar no colo do útero, ovários ou na cavidade abdominal.
Esse tipo de gestação não tem possibilidade de evoluir de forma normal, pois os locais fora do útero não têm a estrutura necessária para sustentar o embrião. Estima-se que aproximadamente 2% das gestações sejam ectópicas. Sem intervenção médica, uma gravidez ectópica pode levar a sérias complicações para a saúde da mulher.
Quais são os sintomas de gravidez ectópica?
Os sintomas podem ser inicialmente semelhantes aos de uma gravidez normal. As mulheres podem sentir sinais típicos, como sensibilidade nos seios, náuseas e aumento da frequência urinária.
Contudo, à medida que a gravidez avança, podem surgir sintomas adicionais específicos. Muitas mulheres experimentam dores localizadas, que ocorrem devido ao estiramento das trompas de Falópio ou do colo do útero, onde o embrião está se desenvolvendo de forma inadequada.
É importante destacar que, em uma gravidez ectópica, também pode ocorrer um atraso menstrual, e os testes de gravidez, tanto de sangue quanto de urina, podem apresentar resultados positivos, assim como em uma gestação normal, uma vez que o embrião continua a produzir hormônios detectáveis por esses exames.
Quais os principais sinais de que a gravidez pode ser ectópica?
Os principais sinais de alerta incluem:
Dor abdominal e pélvica intensa
Muitas mulheres experimentam dor intensa na região abdominal e pélvica, que pode ser um dos primeiros sinais deste tipo de gravidez.
Sensação de fadiga
A sensação de cansaço extremo é comum e pode acompanhar a gravidez ectópica, assim como na gravidez normal.
Hemorragia vaginal
Sangramentos vaginais, que podem variar em intensidade, são frequentes. Em geral, as mulheres com gravidez ectópica costumam apresentar sangramento vaginal e dor abdominal a partir do primeiro trimestre.
Tontura e náuseas
Sensações de tontura e náuseas podem ocorrer, semelhantes aos sintomas típicos de uma gravidez, mas podem se intensificar com o avanço da gravidez ectópica.
Quais são os tipos de gravidez ectópica?
Ela pode se manifestar de duas maneiras principais: na gravidez tubária, o embrião se implanta e se desenvolve dentro da trompa de Falópio; enquanto na gravidez abdominal, que é mais rara, o embrião pode se alojar no ovário, na cavidade abdominal ou no colo do útero.
Gravidez tubária – 95% dos casos
A gravidez tubária é o tipo mais frequente de gravidez ectópica, ocorrendo em aproximadamente 95% dos casos. Nesse tipo de gravidez, o embrião se implanta e se desenvolve dentro de uma das trompas de Falópio, que é incapaz de acomodar o crescimento normal do embrião devido ao seu espaço limitado. À medida que o embrião cresce, a trompa se estica até seu limite máximo, o que pode levar à ruptura.
Rompimento da trompa de Falópio
Se a trompa de Falópio se romper, a situação pode se tornar crítica. A ruptura pode causar dor abdominal aguda e repentina, sangramento intenso, e sintomas graves como pressão arterial baixa (hipotensão), dor no ombro, pressão retal ou problemas intestinais, além de desmaios. Essa condição é uma emergência médica e requer atendimento imediato.
Gravidez ectópica abdominal – 5% dos casos
A gravidez ectópica abdominal é menos comum que a tubária. Nesse tipo de gravidez, o embrião se desenvolve fora das trompas de Falópio e se fixa no peritônio, que é o tecido que reveste a cavidade abdominal. Em vez de se implantar na trompa, o embrião pode aderir a outras estruturas na cavidade abdominal, como intestinos e bexiga.
Gravidez ovariana
Outra forma rara é a gravidez ovariana, onde o óvulo fertilizado se adere ao tecido ovariano.
Gravidez cervical – colo do útero
A gravidez cervical é uma condição em que o embrião se desenvolve no colo do útero, após sair da cavidade uterina.
Quais são os fatores de risco?
Os principais fatores de risco são:
Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)
Infecções prévias ou atuais podem causar inflamação nas trompas de Falópio, aumentando o risco de gravidez ectópica.
Endometriose
A presença de endometriose pode afetar o ambiente pélvico e a função das trompas, contribuindo para o desenvolvimento de uma gravidez ectópica.
Histórico de gravidez ectópica
Mulheres que já tiveram uma gravidez ectópica anteriormente têm um risco maior de desenvolver a condição novamente.
Aderências ou inflamação
Aderências ou inflamação resultantes de cirurgias pélvicas anteriores podem obstruir ou retardar o movimento do óvulo através das trompas de Falópio.
Formato irregular das trompas
Trompas com formato anormal podem dificultar o transporte do óvulo para o útero.
Tumores
Tumores localizados nas proximidades das trompas podem exercer pressão, impedindo o óvulo de alcançar o útero.
Tratamentos de fertilidade
Procedimentos como a fertilização in vitro podem aumentar o risco de gravidez ectópica devido às manipulações das trompas e do ambiente uterino.
Tabagismo
O uso de tabaco tem sido associado a um maior risco de problemas nas trompas de Falópio, que podem levar a uma gravidez ectópica.
Idade materna avançada
Mulheres com mais de 35 anos têm um risco maior de gravidez ectópica, possivelmente devido a alterações na função das trompas e na saúde reprodutiva.
Uso de DIU
Engravidar enquanto usa um DIU pode aumentar o risco de gravidez ectópica.
Infecções ou cirurgias tubárias prévias
Infecções passadas ou intervenções cirúrgicas nas trompas podem predispor a gravidez ectópica.
Abortos
Abortos anteriores podem afetar a integridade das trompas de Falópio e aumentar o risco de gravidez ectópica.
É importante notar que, embora esses fatores de risco estejam associados a uma maior probabilidade de gravidez ectópica, a condição também pode ocorrer em mulheres sem nenhum fator de risco conhecido.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de gravidez ectópica geralmente começa com a realização de ultrassonografias, como o ultrassom transvaginal. Durante o exame, o médico verifica se o embrião está localizado no útero. Se o embrião não for encontrado, o médico pode solicitar um novo ultrassom após um período de 1 a 2 semanas para monitorar a evolução.
Se, após o segundo ultrassom, o embrião ainda não estiver visível no útero, o médico investigará outras possíveis localizações, como as trompas de Falópio ou outras áreas da cavidade abdominal. Em alguns casos, exames complementares, como tomografia ou outros exames ginecológicos, podem ser solicitados para ajudar no diagnóstico.
Além dos exames de imagem, a dosagem da fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico (βHCG) no sangue é fundamental. Em uma gravidez normal, os níveis desse hormônio duplicam rapidamente, a cada 48 horas. Se os níveis não aumentarem conforme esperado, isso pode indicar uma gravidez ectópica.
Existe tratamento?
Medicação com Metotrexato
- Características:
- Administrado por injeção intramuscular.
- Atua para reverter a gravidez ectópica e permitir que a gestação se resolva sem necessidade de cirurgia.
- O tratamento é monitorado através de exames de sangue que medem os níveis de βHCG.
- Indicado para:
- Gravidez ectópica detectada em estágio inicial.
- Gravidez pequena, sem risco imediato de ruptura.
- Mulheres sem condições adversas nos exames de sangue relacionados à função renal ou hepática.
- Caso a gravidez ectópica não esteja se desenvolvendo rapidamente ou seja muito pequena.
Cirurgia
- Características:
- Pode ser realizada por laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva.
- Em casos de ruptura da trompa ou dependendo do estágio ad gestação, é realizada cirurgia convencional com incisão abdominal.
- A trompa afetada pode ser reparada ou removida, dependendo da gravidade da situação.
- Indicado para:
- Gravidez ectópica em estágio mais avançado ou quando o metotrexato não é eficaz.
- Casos de ruptura da trompa, onde a cirurgia convencional é necessária para controlar a hemorragia.
Principais dúvidas sobre gravidez ectópica
Quando a gravidez é ectópica, o teste dá positivo?
Sim, pode resultar em um teste de farmácia positivo. Isso acontece porque qualquer tipo de gravidez, seja no útero ou fora dele, eleva os níveis de BHCG (hormônio gonadotrófico coriônico), o que faz com que tanto o exame de sangue quanto os testes de farmácia indiquem uma gravidez.
Quando a gravidez ectópica aparece no ultrassom?
A identificação de uma gravidez ectópica no ultrassom geralmente ocorre entre seis a oito semanas após o último período menstrual. No entanto, a detecção pode ser mais difícil e acontecer em um estágio mais avançado se a gravidez estiver localizada fora do útero, como nas trompas de Falópio ou em outra área abdominal.
Vale reforçar aqui que se o embrião não for encontrado no ultrassom inicial, o exame é repetido após um intervalo de 1 a 2 semanas. Se o embrião continuar não sendo visualizado, a investigação para uma possível gravidez ectópica é iniciada.
Uma vez confirmada, o tratamento é necessário. Dessa forma, a gestante pode nem conseguir visualizar o embrião no ultrassom, pois provavelmente, a gravidez não evoluirá até as 6 ou 8 semanas.
Quanto tempo dura este tipo de gravidez? Quantas semanas?
Essa gravidez pode persistir por várias semanas, mas, devido à limitada oferta de sangue e nutrientes e à ausência de um espaço adequado para o desenvolvimento, a sobrevivência do embrião é inviável.
Normalmente, o saco gestacional tende a romper entre a 6ª e a 16ª semana, o que leva à interrupção da gravidez e exige tratamento médico imediato.
Quando a gravidez começa a doer?
Os sintomas podem começar de forma discreta, com o desconforto frequentemente aparecendo em entre 5 e 8 semanas. Os primeiros sinais geralmente incluem dor localizada na parte inferior do abdômen e sintomas de inflamação.
Não pode dar continuidade em gravidez ectópica?
É possível levar a gravidez até o fim?
Uma gravidez ectópica não pode ser levada adiante de forma segura. Ao confirmar o diagnóstico, a interrupção da gestação é essencial para proteger a vida da mulher.
Esse tipo de gravidez pode se tornar extremamente perigoso, especialmente se houver ruptura da trompa de Falópio. Esse cenário pode resultar em hemorragias severas, infecções e, em casos graves, até mesmo a morte.
É possível engravidar novamente?
Sim, é possível que uma mulher engravide novamente e tenha uma gestação normal após ter uma gravidez ectópica. Se a gravidez ectópica ocorreu em uma trompa e a outra trompa está saudável, a fertilidade pode ser preservada, permitindo uma nova gravidez.
É sempre recomendável acompanhar a recuperação com um profissional de saúde para garantir que não haja problemas adicionais e para otimizar as chances de uma gravidez bem-sucedida no futuro.
Já em casos onde a gravidez ocorre no corno uterino, pode ser necessária uma histerectomia para remover o útero. Esse procedimento resulta na perda da capacidade de engravidar, uma vez que o útero é totalmente removido durante a cirurgia.
Quem já teve gravidez ectópica enfrenta dificuldades para engravidar novamente?
Não há uma regra geral para todas as mulheres que tiveram uma gravidez ectópica. Muitas delas mantêm sua fertilidade e conseguem engravidar normalmente no futuro.
No entanto, para aquelas que enfrentam dificuldades para conceber, especialmente se há suspeitas de problemas nas trompas, distúrbios na ovulação, endometriose ou anomalias uterinas, pode ser recomendada a realização do exame histerossalpingografia.
Quanto tempo leva para engravidar depois de uma gravidez ectópica?
Após uma gravidez ectópica, o tempo recomendado para tentar engravidar novamente pode variar dependendo do tipo de tratamento recebido.
Se a gestação foi tratada com medicamentos ou curetagem, é aconselhável esperar cerca de 4 meses antes de tentar uma nova gravidez. Caso tenha sido necessária uma cirurgia abdominal, o período de espera recomendado é de aproximadamente 6 meses.
Esses intervalos ajudam a garantir que o corpo se recupere adequadamente e que a saúde reprodutiva seja restaurada.
Quem já teve gravidez ectópica anteriormente consegue ter parto normal?
Sim. Não existe nenhum impeditivo quanto a isso.
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